terça-feira, 30 de março de 2010

Lembranças...

Lembrança? Saudosismo? Os dois sentimentos não se completam?

Não sei. Sei apenas que ando saudosista. E curtindo boas lembranças. 

No sábado passado baixou a "Amélia". Arrumação geral. Casa, quarto, prateleira, armário, sapatos... Coisas que sempre fiz quando era mais nova, e que hoje me recuso a fazer sempre que posso. Quer dizer. Sempre que a faxineira pode (e quer) vir aqui em casa.

Mas sei lá. Acordei diferente naquele dia. Resolvi começar pelo meu quarto. E ao limpar livros na estante encontrei fotos antigas que me são preciosas e que há muito eu pensava ter perdido. E rever aquelas fotos só me trouxe boas recordações. 

Mas foi só quando resolvi encarar a pilha de roupa amarrotada que as boas lembranças me vieram. 

Como passar roupa sem me lembrar da D. Dila? Uma senhora que, durante toda a minha infância, passou roupa na minha casa. Que me fazia levantar cedo quando ia lá em casa, porque eu é que tinha que preparar o café da manhã dela. E depois trazer o suco de maracujá mais ralo e doce que uma criança é capaz de fazer e uma senhora de idade é capaz de gostar. Que me fazia ficar sentada embaixo da mesa, ouvindo seus casos, enquanto eu desfiava vários e vários retalhos de pano da minha mãe (quer me ver feliz? Dê-me um pedaço de pano para eu desfiar).

Como lavar o banheiro e, com aquele calor e aquela água gelada, não lembrar da farra que eu fazia quando me juntava à minha mãe e às empregadas para uma faxina geral naquela casa imensa em que cresci?

E como não lembrar daquela casa? Ah! Como fui feliz!! 

Como eu adorava aquele jardim! Como me divertia fazendo túneis de caixas de remédio para as lagartas do coqueiro atravessarem. Como eu me maravilhava, em toda primavera, com aquela trepadeira de pequenas flores cor de rosa que coloriam o telhado, e que eu admirava da rua.

Aquele monte de pés de goiaba... O imenso tacho de cobre fumegando no meio do quintal, de onde sairia a melhor goiabada-cascão que uma família pode fazer. 

O chão "vermelho-queimado" da cozinha. Meu mini fogão a lenha, com direito a panelinhas, mesinha de madeira e "cachoeira de mangueira" no sábado.

O medo que eu tinha de ir no sótão por causa de um gato preto que vivia lá. Mas mesmo assim eu ia. Porque as goiabas brancas mais crocantes só tinham como ser apanhadas lá de cima. E descer dependurada no corrimão era uma delícia!

Papai sentado na cadeira de balanço, todo domingo, cumprindo o ritual Globo Rural-Fórmula 1 e sempre dizendo: "lá vem o Senna! Na ponta dos dedos! Se não quebrar ganha!".
(o Senna se foi. Papai também. E a Fórmula 1 perdeu o encanto. Pelo menos para mim)

A C10 amarela (C10 é uma caminhonete mega antiga, da Chevrolet, pra quem não sabe). Parecia uma gema de ovo ambulante! Mas que nos levava em segurança para a fazenda. Criança gosta de andar na carroceria, com vento batendo no rosto, comendo poeira e cantando alto!

Meus bichos... 
- Madeira e Lontano, os papagaios que destruíam os bancos das bicicletas, mas que amavam miolo de pão molhado com leite.
- Porcina, a cachorra que, na época de Roque Santeiro, andava comigo pela rua com aquele laçarote gigantesco na cabeça (eu com o meu, ela com o dela. Hoje é ridículo. Na época era lindo).
- Bambina, uma veada que ganhei de um vizinho e que sempre estava deitada no tapete, entre as duas camas do meu quarto, sempre que eu voltava da escola.
- O monte de coelho que eu já tive. Sempre ganhava um de aniversário, mas eles sempre fugiam. Eu ficava triste, mas sabia que no ano seguinte a Ivani me daria outro.
- Togo, Trovão e Diana. Já tive muitos cachorros. E sempre tinha algum com esse nome.

A "minha porquinha"... Não, não é um bicho. É a Sônia, que trabalhava com papai, que adorava jiló cru e com sal, e que só me chamava de "minha porquinha". 

As brincadeiras de rua... As brigas de rua... Depois das brigas as mães discutiam, cada uma defendendo seu filho, e nós, sem entender porque aquilo começou e nem como terminou, já estávamos envolvidos em uma nova brincadeira.

Mas depois que eu virei "gente grande" e me mudei, tudo isso virou lembrança.

A casa virou um hotel. 

E a cidade perdeu o sentido. Virou "a Januária velha", como dizia o Enrico quando era novinho.

E agora eu estou aqui, rindo e chorando ao mesmo tempo. Mas são lágrimas boas, de uma saudade que dói, mas que não machuca. Se é que isso é possível.

E a intenção nem era escrever sobre isso. Era falar do quanto eu gosto do filme Romeu e Julieta em sua versão moderna, com Leonardo Dicaprio e Claire Danes. Na verdade era para falar do quanto eu gosto, especialmente, da cena do aquário. Mas, ao ouvir a música, as lembranças acima se acenderam.

O assunto "filme" não cabe mais nesse texto. Mas o vídeo sim. Pela lembrança, pela delicadeza. Porque eu quero.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Alice in Wonderland

Na minha mísera opinião, a foto mais linda que já vi, relativa ao filme...


Saber Viver

Saber Viver
          Cora Coralina

Não sei... se a vida é curta
Ou longa demais para nós
Mas sei que nada do que vivemos tem sentido,
se não tocarmos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita.

Alegria que contagia, 
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.

E isso não é nada de outro mundo, 
é o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
não seja curta, nem longa demais
Mas que seja intensa, verdadeira e pura...
enquanto durar.

quarta-feira, 24 de março de 2010

terça-feira, 23 de março de 2010

Das peças que a vida prega...

Puxa vida! Puxa! Vida! Vc tinha que me aprontar mais uma presepada dessas?

E agora, o que é que eu faço com a minha consciência? Não que eu tenha tido culpa de nada, mas estou no meio (ou fui colocada no meio), né?

Vida, vida...

Ah anjo da guarda peralta! Você se juntou ao cupido-estúpido e resolveu brincar de pegadinha comigo, é? Abre seu olho que eu corto a asa dos dois! Aonde já se viu isso? Vou trancar vocês dois num pote e colocar de castigo, de cabeça para baixo! O  combinado não era esperar mais um pouco até vocês virem me sacudir de novo? Eu não falei que estava proibido colocar qualquer pessoa na minha frente?

Mas não... Vocês tinham que me aparecer com uma figura dessas, nada a ver, sem quê nem porquê,  sem me dar tempo pra pensar, e daí me jogaram penhasco abaixo. E me jogaram sozinha!

Mas eu ainda pego vocês dois na reta...
(ou será que pego os três?)

sábado, 20 de março de 2010

Simples assim...

“Eu não sirvo de exemplo para nada, mas, se você quer saber se isso é possível, me ofereço como piloto de testes... Sou a Miss Imperfeita, muito prazer. A imperfeita que faz tudo o que precisa fazer, como boa profissional, mãe, filha e mulher que também sou: trabalho todos os dias, ganho minha grana, vou ao supermercado, decido o cardápio das refeições, cuido dos filhos, marido (se tiver), telefono sempre para minha mãe, procuro minhas amigas, namoro, viajo, vou ao cinema, pago minhas contas, respondo a toneladas de e-mails, faço revisões no dentista, mamografia, caminho meia hora diariamente, compro flores para casa, providencio os consertos domésticos e ainda faço as unhas e depilação! E, entre uma coisa e outra, leio livros.

Portanto, sou ocupada, mas não uma workholic. Por mais disciplinada e responsável que eu seja, aprendi duas coisinhas que operam milagres. Primeiro: a dizer NÃO. Segundo: a não sentir um pingo de culpa por dizer NÃO. Culpa por nada, aliás. Existe a Coca Zero, o Fome Zero, o Recruta Zero. Pois inclua na sua lista a Culpa Zero.

Quando você nasceu, nenhum profeta adentrou a sala da maternidade e lhe apontou o dedo dizendo que a partir daquele momento você seria modelo para os outros. Seu pai e sua mãe, acredite, não tiveram essa expectativa: tudo o que desejaram é que você não chorasse muito durante as madrugadas e mamasse direitinho. Você não é Nossa Senhora. Você é, humildemente, uma mulher. E, se não aprender a delegar, a priorizar e a se divertir, bye-bye vida interessante. Porque vida interessante não é ter a agenda lotada, não é ser sempre politicamente correta, não é topar qualquer projeto por dinheiro, não é atender a todos e criar para si a falsa impressão de ser indispensável. É ter tempo.

Tempo para fazer nada.
Tempo para fazer tudo.
Tempo para dançar sozinha na sala.
Tempo para bisbilhotar uma loja de discos.
Tempo para sumir dois dias com seu amor. Três dias. Cinco dias!
Tempo para uma massagem.
Tempo para ver a novela.
Tempo para receber aquela sua amiga que é consultora de produtos de beleza.
Tempo para fazer um trabalho voluntário.
Tempo para procurar um abajur novo para seu quarto.
Tempo para conhecer outras pessoas.
Voltar a estudar.
Para engravidar.
Tempo para escrever um livro que você nem sabe se um dia será editado.
Tempo, principalmente, para descobrir que você pode ser perfeitamente organizada e profissional sem deixar de existir.

Porque nossa existência não é contabilizada por um relógio de ponto ou pela quantidade de memorandos virtuais que atolam nossa caixa postal. Existir, a que será que se destina? Destina-se a ter o tempo a favor, e não contra.

A mulher moderna anda muito antiga. Acredita que, se não for super, se não for mega, se não for uma executiva ISO 9000, não será bem avaliada. Está tentando provar não-sei-o-quê para não-sei-quem. Precisa respeitar o mosaico de si mesma, privilegiar cada pedacinho de si. Se o trabalho é um pedação de sua vida, ótimo! Nada é mais elegante, charmoso e inteligente do que ser independente. Mulher que se sustenta fica muito mais sexy e muito mais livre para ir e vir. Desde que se lembre de separar alguns bons momentos da semana para usufruir essa independência, senão é escravidão, a mesma que nos mantinha trancafiadas em casa, espiando a vida pela janela. Desacelerar tem um custo. Talvez seja preciso esquecer a bolsa Prada, o hotel decorado pelo Philippe Starck e o batom da M.A.C. Mas se você precisa vender a alma ao diabo para ter tudo isso, francamente, está precisando rever seus valores. E descobrir que uma bolsa de palha, uma pousadinha rústica à beira-mar e o rosto lavado (ok, esqueça o rosto lavado) podem ser prazeres cinco estrelas e nos dar uma nova perspectiva sobre o que é, afinal, uma vida interessante.”

(Martha medeiros - escritora e jornalista)

quinta-feira, 11 de março de 2010

1 post em homenagem à sobrinha, 1 sobre tristezas diversas, 1 sobre família e outro sobre aleatoriedades da vida.

É... tem coisa demais inacabada na cachola, mas vai ficar pro fds.

terça-feira, 9 de março de 2010

E lá se vai mais um dia...

É tão diferente... De tudo. De todos. Dos meus moldes. De mim.

Faz falta porquê? Pra quê? Pra quem?

E porque tanto distanciamento? Está tão distante, sendo que esteve tão presente.

Não me prometeu, e em nenhum momento eu pedi. Nada. Eu quis. Eu quero. Mas não pedi. Guardei pra mim.

Porque não tenho certeza de nada. Não quero ser eu a responsável por um começo impensado ou um fim abrupto. Fim de tudo. Do pouco e do muito que pode ser. Ou que poderia ter sido.
  
E se eu não sei mesmo de nada, porque raios eu me sinto assim, incomodada?

Há pouco faltava admitir. Agora não falta mais.

E é assim que (não) vai ficar.